Adoção por casais LGBTQIA quais são os direitos e desafios

A adoção por casais LGBTQIA é um tema de grande importância e que tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade. No Brasil, o direito à adoção para casais homoafetivos foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo que essas famílias possam oferecer lares amorosos para crianças que aguardam uma família. No entanto, apesar dos avanços legais, ainda existem desafios a serem superados, desde questões burocráticas até preconceitos sociais. Neste artigo, vamos explorar os direitos garantidos, os principais desafios enfrentados e a importância da adoção para a construção de famílias diversas e inclusivas.

Direitos dos Casais LGBTQIA+ na Adoção

Os casais LGBTQIA têm os mesmos direitos que casais heterossexuais no processo de adoção, de acordo com as decisões do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Isso significa que:

  • Qualquer casal, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero, pode se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção.
  • A adoção pode ser feita tanto por uma única pessoa LGBTQIA quanto por um casal oficialmente reconhecido.
  • O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reforça que a adoção deve priorizar o bem-estar da criança, não podendo haver discriminação baseada na identidade dos adotantes.
  • As crianças adotadas por casais homoafetivos têm os mesmos direitos de filiação, incluindo herança e segurança jurídica.

Além disso, em diversas decisões judiciais, tribunais brasileiros têm reforçado a igualdade de direitos, garantindo que famílias homoafetivas tenham sua estrutura legalmente reconhecida. Isso fortalece não apenas os laços afetivos, mas também a proteção jurídica dos filhos adotados.

Desafios Enfrentados pelos Casais LGBTQIA

Apesar dos direitos garantidos por lei, os casais LGBTQIA ainda enfrentam desafios durante o processo de adoção, como:

  • Preconceito e burocracia: Embora a lei permita a adoção, alguns profissionais do sistema de adoção ainda demonstram resistência, prolongando o processo ou dificultando a aprovação.
  • Dificuldade em conseguir guarda provisória: Algumas comarcas podem apresentar entraves na concessão da guarda temporária, retardando o período de adaptação da criança.
  • Aceitação social: Muitas famílias e círculos sociais ainda têm resistência em aceitar famílias formadas por casais LGBTQIA+.
  • Escolha da criança: Algumas instituições relutam em permitir a adoção de bebês por casais LGBTQIA+, sugerindo crianças mais velhas ou em grupos de irmãos, o que pode não ser a escolha inicial da família.
  • Falta de preparação de profissionais da área: Em muitos casos, assistentes sociais, psicólogos e juízes ainda não possuem preparo adequado para lidar com adoções por casais LGBTQIA+, o que pode gerar questionamentos desnecessários e atrasos no processo.

Importância da Adoção para Famílias e Crianças

A adoção é uma oportunidade de oferecer um lar estável e amoroso para crianças que esperam por uma família. Estudos mostram que crianças criadas por casais LGBTQIA têm o mesmo desenvolvimento emocional e psicológico que aquelas criadas por casais heterossexuais. Além disso, famílias diversas promovem inclusão e ensinam valores como respeito e empatia.

Outro fator importante é o número de crianças que aguardam adoção no Brasil. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, milhares de crianças e adolescentes vivem em abrigos, esperando por uma oportunidade de ter um lar definitivo. A ampliação dos direitos de adoção para casais LGBTQIA+ representa um avanço na garantia do direito fundamental dessas crianças a uma família.

Estudos em diversos países apontam que não há diferenças significativas no desenvolvimento de crianças adotadas por casais homoafetivos quando comparadas às adotadas por casais heterossexuais. O que realmente importa é o ambiente de amor, carinho e segurança proporcionado à criança.

Como Funciona o Processo de Adoção?

O processo de adoção por casais LGBTQIA+ segue as mesmas etapas exigidas para qualquer pessoa ou casal heterossexual:

  1. Cadastro Nacional de Adoção: O casal precisa se inscrever e passar por um processo de habilitação, que inclui avaliação psicossocial e entrevistas com assistentes sociais e psicólogos.
  2. Cursos Preparatórios: Todos os adotantes participam de um curso obrigatório sobre adoção, para melhor compreensão dos desafios e responsabilidades.
  3. Espera pela Criança Compatível: Após a aprovação, o casal entra na fila de espera até que uma criança compatível seja indicada.
  4. Período de Convivência: A família passa por um período de adaptação com a criança, acompanhado por assistentes sociais.
  5. Processo Judicial: Caso a adaptação ocorra bem, o juiz concede a adoção definitiva, garantindo todos os direitos legais à criança.

A adoção por casais LGBTQIA é um direito garantido e representa uma importante mudança na construção de famílias diversas e inclusivas. Apesar dos desafios, o avanço na legislação e a conscientização social têm sido fundamentais para garantir que todas as crianças tenham a chance de crescer em um ambiente seguro e amoroso. O mais importante em qualquer processo de adoção não é a orientação sexual dos pais, mas sim o compromisso e o amor dedicados à criança.

Cada avanço na luta por igualdade representa uma vitória para milhares de crianças que aguardam uma família. Quanto mais a sociedade se conscientiza e desconstrói preconceitos, mais lares amorosos são formados, proporcionando a essas crianças uma nova chance de serem amadas e protegidas.


Sandra T. Ferreira

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